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Estou em direção à névoa da cidade. O cheiro de fritura dá a noção da chegada. E sobre a ponte vejo o rio gotejar, lá embaixo. Libertação dos sentidos!!!!

Monday, July 25, 2005

the soft parade salvou minha adolescência

Motivado por uma notícia que li hoje - segue abaixo na íntegra - lembrei de uma das melhores bandas de todos os tempos. E pra quem curte, com certeza é bem legal fazer um exercício de voltar no tempo e recordar algum fato de sua vida que esteja relacionado ao grupo ou a alguma de suas músicas. Aqui vai uma breve historinha.

Estava entrando na adolescência e sentia que precisava fazer algo que realmente valesse a pena. Até então, freqüentava lugares que detestava. Não me sentia bem. Frustração. Não por culpa dos meus amigos, mas pela circunstância. Ou até mesmo pela falta de experiência. Enfim, o certo é que não achava graça nas conversas, nas gírias, nos atos, nas brincadeiras. Muito tempo se passou até que eu descobrisse o que realmente procurava. Fui apresentado a um mundo em que eu certamente poderia ser sincero comigo. Não lembro muito bem de datas, mas nunca mais esqueci daquela música. Começava apenas com o vocal. Ele vociferava:
"When I was back there in seminary school
There was a person there
Who put forth the proposition
That you can petition the Lord with prayer
Petition the lord with prayer
Petition the lord with prayer
You cannot petition the lord with prayer!". Nossa! Esta última frase do primeiro verso era gritada. Uma voz rouca, contundente. E a música tinha vários ritmos. Era longa. Estranha, muito estranha. Autêntica. Apaixonante, eu diria. Queria saber quem tocava. Queria saber a tradução. E essa busca me fez entender muitas coisas, conhecer pessoas e viver intensamente. Grandes parcerias e o início de uma banda (cover).

the doors - the end

O grupo The Doors chegou novamente ao fim. A justiça americana deu ganho de causa para o baterista John Densmore, que pedia para os dois outros integrantes pararem de usar o nome original da banda.
Densmore entrou com o processo em 2003, quando o tecladista Ray Manzarek e o guitarrista Robby Krieger tentaram ressuscitar o grupo sem o cantor Jim Morrison, morto em 1971.
O vocalista Ian Astbury, do The Cult, foi chamado para cantar no "The Doors of the 21st Century" - nome que a banda "repaginada" ganhou.
A família de Morrison também fez parte do processo. Um acordo entre os três integrantes e os herdeiros do músico, feito em 1971, atestava que todos teriam de concordar com o uso futuro do nome The Doors e o logo da banda.
A decisão judicial também ordena que os lucros com a turnê sejam divididos por todos.

mais the doors - sugestão de leitura

as portas do delírio

"As luzes foram se apagando. Subimos a escada íngreme que dava no fundo do palco e tomamos nossas posições. Estendi ao máximo a pele da caixa de minha batera, pois os fortes impactos sempre desapertavam a garra. Olhei em volta e vi Robbie agachado, tentando desemaranhar os cabos de sua guitarra. Jim nos checava o tempo todo com olhares furtivos, empunhando o microfone. Ray curvava-se soturno sobre o teclado e olhou-me de relance no momento em que: 'Senhoras e senhores: aqui lhes fala Humble Marv da KHJ - a Rádio Boss - aqui estamos nós... The Doors' As mãos de Ray preciciptaram-se furiosamente sobre as teclas de seu órgão VOX e os primeiros acordes de 'When The Music's Over' penetraram-me profundamente e pareciam estar levando o público à estupefação.
Num pequeno intervalo de silêncio, comecei a repicar fortemente a caixa, o bumbo e o chimbau: SNAP-BA, BUM Rap BAP - HSSST BUM... BRAP! A cada batida minha, a tensão na sala aumentava. De repente, parei. Esperei e esperei: Este momento era totalmente meu. Permaneci em silêncio, até que a tensão atingisse seu ponto culminante.
Por fim, soltei o xamã que existe em mim: TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT- TAT CRASH! Como um animal acometido por dor alucinante, Jim vociferou seu grito primal, no momento em que a guitarra de Robbie emitia uma nota sinousa, grave e angustiada. Jim então gritou: E e e e e e e e e e e e e e e e e - aaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhh, When the music's over When the music's over Yeaaaaah When the music's over Turn out the lights".

do livro de John Densmore, "Riders on the Storm" de 1991

Friday, July 22, 2005

ainda o live 8 - só pra registrar

Não há dúvida que o show de Londres, no Hyde Park, foi o mais badalado, o mais esperado, o mais tudo. Reuniu os principais astros do mundo da música. Estavam todos lá. Qualidade e musicalidade incontestáveis. Shows antológicos e parcerias que entraram para a história. Exemplo: U2 e Paul McCartney com a clássica Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Teve ainda o encontro do Pink Floyd após 20 anos. Teve o Velvet Revolver - acho que agora Slash e sua turma encontraram um vocal de verdade. Teve emoção quando Bob Geldof, idealizador do evento e do Live Aid original, levou ao palco a jovem Birhan Woldu, salva da morte pela campanha anterior. Enfim, muita gente boa, momentos memoráveis e apresentações maravilhosas. Na verdade, chega a ser chover no molhado, já que não se poderia esperar outra coisa que não fosse um evento de alto nível. Mas tudo isso pra registrar que dentre toda esta constelação, eu destacaria o show do R.E.M. Pela sonoridade, pela apresentação visceral e pela performance e carisma de Michael Stipe.

Wednesday, July 20, 2005

playback nem pensar

A notícia saiu na Agência EFE

O Governo da China emitiu uma nova lei que proíbe que os cantores do país façam playback, sob ameaça de "punições graves", informou a agência estatal chinesa Xinhua, nesta quarta-feira. A norma está dentro dos novos Regulamentos sobre Atuações Artísticas com Caráter Comercial, que acrescenta que "qualquer companhia ou indivíduo que engane a audiência" utilizando música gravada "será denunciado publicamente". A lei fixa dois anos de suspensão da atividade artística para os cantores que incorram duas vezes no delito em menos de dois anos. O mesmo tempo de proibição da atividade será aplicada para a empresa promotora do show ou atividade pública. O regulamento é adotado, informaram seus autores, em um momento em que estão se proliferando esse tipo de falsas atuações ao vivo, "com o objetivo de ganhar dinheiro, o que está causando ao público a sensação de que estão sendo enganados". Na China, como na maior parte do planeta, o pop é o gênero musical reinante (embora seja um fenômeno relativamente jovem, já que nos anos 70 apenas existia). Os cantores chineses são fortemente influenciados pelos artistas que fazem sucesso em Japão, Coréia do Sul, Taiwan e Coréia do Sul.

Tuesday, July 19, 2005

supra-sumo da várzea

Numa destas manhãs, dirigia-me ao trabalho, atrasado, inquieto e com frio. Tive a sorte de uma das portas do trem parar bem na minha frente. Entrei e logo sentei. Mas não pensem que foi tudo na santa paz como aparenta neste meu relato inicial. Antes de me abancar fui vítima dos afoitos de plantão. Trata-se daquele pessoal que praticamente entra em luta corporal na busca por um assento no vagão. No momento em que estava prestes a ocupar meu espaço, beneficiado pela posição em que o trem estacionou, a pancadaria pegou. Levei três cotoveladas, diversos empurrões e uma rasteira. No reflexo ainda me livrei de dois jabs curtos. Mas, enfim, já estava com meu lugar no pódio garantido. Tentei relaxar. Teria pelo menos mais 30 minutos até uma outra aventura: o desembarque no fim da linha. O balanço do trem e um sonzinho ambiente acabaram me convidando ao sono. Quando estava beirando o cochilo, o locutor da rádio - aquela que só toca as clássicas - anunciava uma grande novidade. Os interessados deveriam entrar no site da emissora para mais informações. Não quis acreditar no que estava ouvindo. Pensei já estar sonhando. Poderia ser um delírio qualquer. Mas não. Abandonei o estado de inércia e resolvi me concentrar no emaranhado sonoro - mistura de rádio mal sintonizado e o burburinho das conversas. Rodaram mais algumas canções antológicas e novamente o empolgado locutor abria o microfone.
- Em breve todas os principais sucessos de Celine Dion na versão canto gregoriano.
Quase tive um troço - e é grande o número de pessoas que acabam hospitalizadas pelo tal do troço. A realidade é cruel. É isso mesmo. Que forçada de jugular. Os principais sucessos de Celine Dion na versão canto gregoriano. Depois dessa levantei, fiz uma série de alongamentos, me aqueci, parei na porta, esperei abrir e enchi todo mundo de bico nas canelas.

Monday, July 18, 2005

outros escritos

http://outrosveroes.blogspot.com
http://modernidade.zip.net

spectroman e chico

Tenho percebido ultimamente uma febre de saudosismo coletivo, querendo reviver décadas passadas. Vou me ater aqui aos anos 80, bem explorados nestes últimos tempos através de livros, revistas, programas de TV, rádio e shows musicais. Devo ressaltar que toda minha infância e o início da adolescência se passaram nesta época. Lembro, evidentemente, com prazer das tardes de inverno à frente da televisão. Chegava do colégio - estudava no horário da manhã - e mais que depressa me abancava para acompanhar o epílogo da Operação Genocídio. Dr. Gori e Spectroman num duelo inesquecível. Putz, muito bom. "Planeta Terra, cidade Tóquio, entre todas as metrópoles deste planeta....." Na seqüência tinha Elo Perdido, um clássico - Marshall, Will e Holly... ainda lembro da melodia na abertura da série. Diversão garantida ou seu dinheiro de volta. Azar dos temas de casa. A lição só saia na noite, com sono e o caderno cheio de borrão e garrancho. A mãe pirava. Na verdade, tem mais uma infinidade de coisas que marcaram os anos 80. Não é minha intenção aqui ficar listando. Até porque lembranças cada um tem a sua. E material para consulta não falta. Não há dúvida, porém, de que foi um tempo muito legal. Eu curti. Agora, vamos combinar que no cenário musical os anos 80 ficaram devendo. E muito. Depois de duas décadas - 60 e 70 - incríveis, ricas em produção e primor técnico, os 80, salvo raríssimas exceções, nasceram com a peste da mediocridade. Por aqui, digo no Brasil, o caos se instalou de uma forma devastadora. Nunca se viu um acúmulo tão grande de mesmices e pobreza sonora. Alguns grupos, ainda hoje, povoam nossos pesadelos. Para citar algumas pérolas, entrando na febre do recordar é sofrer, temos Biquini Cavadão, Heróis da Resistência, Capital Inicial, Inocentes, Os Eles, Rádio Táxi, João Penca, Léo Jaime, RPM, Barão Vermelho, Legião Urbana, Ultraje a Rigor, Uns e Outros, Magazine (do Kid Vinil)....chega, chega. Tá bom. É só pra dar uma idéia. Cruzes. E não é preconceito com a produção nacional. Pra não dizer que ninguém se salvou da hecatombe, destaco o Ira! como a redenção de um tempo enfadonho. Até porque, o Ira! tem um cara diferenciado: Edgard Scandurra. Poderia elencar ainda os Paralamas do Sucesso, salvos aos 45 do segundo tempo, e os Titãs, pelos álbuns Titanomaquia e Tudo ao Mesmo Tempo Agora, ambos gravados logo após o período de trevas. Enfim, ainda bem que passou. Ok, quero deixar claro que não sou xiita. Também não tenho uma cadeira permanente no Conselho de Segurança do Clube do Ódio. Sei que o Brasil possui variados ritmos e uma riqueza sonora extraordinária. Mas, o cenário rock daquela época foi de lascar. Depois da catástrofe era difícil acreditar em reconstrução. Chegam os anos 90. O milagre acontece. Chico Science é o nosso salvador. Mangue-boy-malungo-sangue-bom.

"Como um pássaro o tempo voa/ A procura do exato momento/ Quando o que você pode fazer fosse agora/ Com as roupas sujas de lama/ Porque o barro arrudeia o mundo/ E a TV não tem olhos pra ver/ Eu sou como aquele boneco/ Que apareceu no dia na fogueira/ E controla seu próprio satélite/ Andando por cima da terra/ Conquistando o seu próprio espaço/ É onde você pode estar agora"

Foto: Passarinho

Thursday, July 14, 2005

batera no contra


Outro dia fomos comer uma pizza na casa de um grande amigo. Levei um CD com algumas canções gravadas recentemente - tenho estado agora numa fase bem Brasil: samba de raiz, Tim Racional, Ben Jor da antiga, enfim. Enquanto as meninas conversavam no quarto, ficamos na cozinha elaborando o cardápio. Ingredientes na mão, forno aquecendo e a bateria no contratempo. Não tem jeito, depois que o cara passa por uma banda, se dedica ao grupo e se atreve a compor, todo bate-papo começa, ou termina, em som. Isso, claro, quando o interlocutor reza pela mesma cartilha. Caso contrário, o cidadão corre o risco de se tornar inconveniente, para não dizer um chato, querendo fazer com que os demais identifiquem na música aquele detalhe percebido somente por ele, o que lhe provoca uma espécie de orgasmo sonoro.
-Putz, vocês ouviram isso? Do caralho! Nessa parte só chipô aberto. Ah, e essa afinação está em Ré. E não basta falar. Os comentários, evidentemente, são acompanhados de movimentos ritmados em baterias e guitarras invisíveis.
Lógico, generalizações são sempre perigosas. O que faço aqui é uma auto-análise. Mas acabo percebendo o quanto é prazeroso conversar sobre música. Ou sobre a parte técnica da música. E este é um dos muitos fatores que torna este meu grande amigo uma das figuras que mais respeito no cenário sonoro da região. Não é o cara mais inteligente da cidade, não é um cara que tem cem pedais ou a pedaleira mais moderna, mas é um músico nato, com sensibilidade, técnica e muita raça. Aliás, certa noite, depois de horas de avaliação e muitas caipiras, chegamos a conclusão de que não é a distorção que faz o peso. The Days of the New foi nosso objeto de estudo.

Foto: Mário Luiz Thompson

Salve Coletivo

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