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Estou em direção à névoa da cidade. O cheiro de fritura dá a noção da chegada. E sobre a ponte vejo o rio gotejar, lá embaixo. Libertação dos sentidos!!!!

Thursday, July 14, 2005

batera no contra


Outro dia fomos comer uma pizza na casa de um grande amigo. Levei um CD com algumas canções gravadas recentemente - tenho estado agora numa fase bem Brasil: samba de raiz, Tim Racional, Ben Jor da antiga, enfim. Enquanto as meninas conversavam no quarto, ficamos na cozinha elaborando o cardápio. Ingredientes na mão, forno aquecendo e a bateria no contratempo. Não tem jeito, depois que o cara passa por uma banda, se dedica ao grupo e se atreve a compor, todo bate-papo começa, ou termina, em som. Isso, claro, quando o interlocutor reza pela mesma cartilha. Caso contrário, o cidadão corre o risco de se tornar inconveniente, para não dizer um chato, querendo fazer com que os demais identifiquem na música aquele detalhe percebido somente por ele, o que lhe provoca uma espécie de orgasmo sonoro.
-Putz, vocês ouviram isso? Do caralho! Nessa parte só chipô aberto. Ah, e essa afinação está em Ré. E não basta falar. Os comentários, evidentemente, são acompanhados de movimentos ritmados em baterias e guitarras invisíveis.
Lógico, generalizações são sempre perigosas. O que faço aqui é uma auto-análise. Mas acabo percebendo o quanto é prazeroso conversar sobre música. Ou sobre a parte técnica da música. E este é um dos muitos fatores que torna este meu grande amigo uma das figuras que mais respeito no cenário sonoro da região. Não é o cara mais inteligente da cidade, não é um cara que tem cem pedais ou a pedaleira mais moderna, mas é um músico nato, com sensibilidade, técnica e muita raça. Aliás, certa noite, depois de horas de avaliação e muitas caipiras, chegamos a conclusão de que não é a distorção que faz o peso. The Days of the New foi nosso objeto de estudo.

Foto: Mário Luiz Thompson

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