
No último dia 2 de fevereiro completou nove anos da morte de um dos maiores gênios da música brasileira. O nome Francisco de Assis França constava no seu registro de nascimento, mas popularmente era conhecido como Chico Science. Esse cara surgiu para sacudir a pasmaceira do cenário rock nacional. Depois dos enfadonhos anos 80, a pobreza sonora e a falta de criatividade eram uma constante por aqui. Misturando embolada, hip hop, maracatu, rifs criativos e letras contundentes, o malungo sangue-bom, ao lado da Nação Zumbi, fez muita gente se perguntar: o que é isso que está tocando? Realmente, o som era complexo, pesado e acima de tudo, com muita qualidade. Como dizia Chico, tinha que “deixar tudo soando bem aos ouvidos”. Foi o lance mais inovador dos últimos tempos. Além disso, Chico era um poeta, um cara de sensibilidade extremamente apurada. Falava, com conhecimento de causa e sem clichês, de respeito, desigualdade sócio-racial, revolução e da globalização versus o local. Citava personagens marginalizados pela sociedade através dos tempos como Zumbi dos Palmares, Zapata, Sandino, Lampião e os Panteras Negras. Chico Science foi um dos idealizadores do movimento Mangue e trouxe a cultura de sua terra natal para o resto do país. “...trago as luzes dos postes nos olhos, rios e pontes no coração, Pernambuco embaixo dos pés e minha mente na imensidão”. Chico morreu em 1997, aos 33 anos, num acidente de carro na fronteira entre o Recife e Olinda. Definitivamente, a trajetória sonora do Brasil divide-se em A.C e D.C. Salve Chico.
Etnia
Chico ScienceSomos todos juntos uma miscigenação
E não podemos fugir da nossa etnia
Índios, brancos, negros e mestiços
Nada de errado em seus princípios
O seu e o meu são iguais
Corre nas veias sem parar
Costumes, é folclore é tradição
Capoeira que rasga o chão
Samba que sai da favela acabada
É hip hop na minha embolada
É o povo na arte
É arte no povo
E não o povo na arte
De quem faz arte com o povo
Por de trás de algo que se esconde
Há sempre uma grande mina de conhecimentos e sentimentos
Não há mistérios em descobrir
O que você tem e o que gosta
Não há mistérios em descobrir
O que você é e o que você faz
Maracatu psicodélico
Capoeira da Pesada
Bumba meu rádio
Berimbau elétrico
Frevo, samba e cores
Cores unidas e alegria
Nada de errado em nossa etnia.