My photo
Estou em direção à névoa da cidade. O cheiro de fritura dá a noção da chegada. E sobre a ponte vejo o rio gotejar, lá embaixo. Libertação dos sentidos!!!!

Thursday, February 03, 2011

Mutila

Branco e amarelo. As cores características dos guaipecas. Assim era o Muti, nick name - Mutilado, a alcunha de batismo - olha ele aí ao lado, numa 3x4 pra fazer o RG. Supostamente o último da ninhada, foi encontrado quase sem pêlos, sarnento, esguio e fedorento. O Nê, meu irmão, apareceu com o bichano. Ele cuidou, deu rango, carinho e nos afeiçoamos ao cusco. Virou membro da família. Bastava gritar “Mutila” e ele vinha se rebolando, lambendo, pulando, fazendo aquela festa tradicional dos sem raça definida – SRD. Depois de se recuperar do revés inicial, já sadio, começou a protagonizar uma série de casos curiosos. Pra começar, não tinha medo de foguetes. Enquanto os outros se escondiam e choravam em tempos de Natal e no Ano novo, o Muti se acomodava no portão da frente e acompanhava extasiado o espetáculo das luzes. Bem sentado, olhar fixo, dentes proeminentes na arcada inferior, parecia hipnotizado. Outra do dog: à noite, ele latia virado para casa e não para rua. Muita batata eu joguei no pobre do Muti por causa dessa prática. Certa vez, ele pulou o muro e transou com a cadelinha pintcher, que a vizinha tinha intenção de levá-la para cruzar com outro da mesma raça. Que rolo! Onde íamos a pé, o Muti seguia. Padaria, banco, locadora, bares. E entrava convicto nos estabelecimentos. Certa feita, ele sumiu. Voltou quase uma semana depois, esgualepado. Precisou recuperar as energias novamente. Mais uns dias, e ele fez a galinha de uma outra vizinha encontrar-se com o único mal irremediável. Quando estávamos quase conseguindo acalmar a mulher, afastando a ideia de que nosso cão não era capaz de tal barbárie, surge o Muti cheio de penas sujas de sangue no canto da boca. A cidadã xingou até a nossa terceira geração. O guaipeca sofreu ainda mais três atropelamentos. Imbatível, saiu ileso de dois. No terceiro, o veículo acertou suas patas traseiras. Tememos pelo pior. Achamos que ele nunca mais iria caminhar. Foi só a fome bater que o bicho, se equilibrando apenas com as dianteiras, tipo plantando bananeira, chegou até o prato e engraxou os bigodes. Sete luas depois, o Muti já estava correndo novamente pelo pátio, como se nada tivesse acontecido. Quem o conheceu, não esquece.

2 comments:

Cíntia said...

Grande Mutila Relê...faltou contar da vez que ele passou a noite dentro de casa para caçar um rato, mas ao amanhecer a família constatou que ele tinha dormido em cima das roupas recém lavadas que estavam no sofá...hahahahaha...

Unknown said...

rsrrs, o Junior e o Claiton cuidando do dog certo que ele iraia ser sobre natural, pois este dois meninos so o maximos.

Salve Coletivo

Powered By Blogger