- TOM FORTUNATO
- Estou em direção à névoa da cidade. O cheiro de fritura dá a noção da chegada. E sobre a ponte vejo o rio gotejar, lá embaixo. Libertação dos sentidos!!!!
Saturday, April 02, 2011
A unha
Meu primo Dino está com a unha escura no polegar direito. Apertou o dedo na porta do carro. Dói muito. Dói muito mesmo. Horrível! Solidarizei-me com ele. Sei o que é esse sofrimento. Há alguns anos passei pelo mesmo revés. A única diferença é que fui abatido na canhota. Foi um minuto de bobeira e a porta veio com tudo, impiedosa, malvada, vingativa. Dá vontade de gritar, sair pulando, de ir às lágrimas. O martírio começa na extremidade, toma todo o braço, chega ao ombro e sobe até a cabeça. No impulso desse desespero, na época em que fui vítima da tragédia, atirei-me ao hospital. O médico: “Vamos ter que furar a unha e dar vazão ao sangue que está pressionando. É por isso que dói tanto”. Furar a unha, como assim? Apesar da moléstia, a ideia de furar a unha me parecia ainda mais monstruosa. Vou embora, acho que estou é fazendo fiasco, pensei. Quando tomei o rumo da saída, uma enfermeira entra aos berros, procurando o paciente ferido no dedo. Deu mais medo. “Não vai doer nada”, disse a senhora com cara de poucos amigos. Ela não mentiu. Contrastando com sua expressão rude, a mulher foi delicada no trato com a agulha. Fez três furos. O sangue brotou. Alívio! Imediato. Saí até respirando melhor. Atenção: não façam isso em casa. Busquem sempre auxílio médico. E nunca mais esqueci aquela frase redentora gritada no meio da emergência: CADÊ O RAPAZ DA UNHA?
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