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Estou em direção à névoa da cidade. O cheiro de fritura dá a noção da chegada. E sobre a ponte vejo o rio gotejar, lá embaixo. Libertação dos sentidos!!!!

Tuesday, October 16, 2007

Sobre o Tropa de Elite

É a febre do momento. E não por acaso. O filme é bom mesmo. Vi no final de semana. O porém é que a crítica tem dado uma ênfase à violência policial, empreendendo teses e falácias sobre o assunto. Discutem a indicação do capitão Nascimento como novo herói nacional. Pra mim, o foco dos debates recai sobre outro tema: o tráfico. É desta prática que partem todas as outras implicações. Acho que o exemplo a seguir, consagrado pela cultura popular, cabe como ilustração quanto à distorção dos apontamentos que estão sendo relatados. Trata-se daquela história do marido traído que sabe que a mulher pratica o adultério na sua própria sala. Então, como solução, o cidadão dá um jeito de consumir com o sofá, avaliando que seus problemas terminaram. É mais ou menos por aí, saca? Foco errado. O tráfico, como falei no post abaixo, ainda sob influência do Cabeça de Porco, e corroborando com o pensamento de Luiz Eduardo Soares, é a mola propulsora de uma ciranda macabra que envolve e/ou evolui às custas do vício de terceiros, da violência, da corrupção policial, da falência da sociedade e seus valores. Aliás, todos temos nossa parcela de culpa nesse processo. Somos egoístas ao extremo. A questão é evitar a proliferação do tráfico, um problema que foge à alçada exclusiva das polícias que, muitas vezes, tornam-se vítmas do sistema, consciente ou inconscientemente, uma vez que são cotidianamente jogados aos leões pelas condições de trabalho que lhes são impostas. E neste contexto, vítimas também são os moradores, pessoas de bem, gente honesta que, por vezes, são extorquidos, violentados por estes senhores da lei. Desde de domingo, até esta terça-feira, a Zero Hora publicou uma série de reportagens sobre tráfico na capital. As matérias, "Mercadores da Morte", assinadas pelo jornalista Humberto Trezzi, trazem o depoimento do sociólogo Rodrigo Azevedo, da PUCRS, que resume o pensamento que tento expressar: "Num cenário em que o produto é muito rentável, apesar do risco, repressão pura às drogas já provou que não adianta". Como defendi anteriormente, é necessário políticas públicas sociais efetivas, envolvendo toda sociedade civil organizada, afinal, todos somos potenciais vítimas da violência urbana, especialmente, a motivada pelo tráfico. Acho que o questionamento central do Tropa de Elite, nas divagações do personagem central, é: quantas crianças terão que morrer para que um playboy possa fumar seu baseado?

Só uma Obs: Luiz Eduardo Soares também é um dos autores de Elite da Tropa, o livro que deu origem ao filme.

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