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Estou em direção à névoa da cidade. O cheiro de fritura dá a noção da chegada. E sobre a ponte vejo o rio gotejar, lá embaixo. Libertação dos sentidos!!!!

Thursday, December 22, 2005

Algumas lembranças rápidas

Esta banda na foto é a extinta Old People. Na ocasião, verão de 95, tocamos num extinto bar, em Sapucaia do Sul, perto do Comercial. Dividimos o palco com a extinta Free Jack e a extinta Little Happy Sun. Lembro, porém, que as coisas começaram algum tempo antes. Meus ex-companheiros de grupo vieram da extinta Análise Soberana. Foi quando, então, surgiu a extinta Portas da Percepção. O ponto de partida foi uma apresentação no extinto Gallery. Abrimos para a extinta Stupid Incesticide, a futura extinta Pulse. Eram tempos bacanas. Tempos dos extintos circuitos de rock. Eu, particularmente, não perdia quando tocava a extinta The Junk. Muita zoeira regada a vinho do extinto Bar Castelo. E por lá, quase sempre encontrávamos o pessoal da extinta Código Penal. Na seqüência, vieram os shows na extinta Sorveteria. Tocamos ao lado da extinta Motor Mojo Junkie e da extinta Tack Ups. Depois vieram as apresentações no extinto Vira Verão. Em alguns momentos cruzamos com a extinta Causa Mortis. Ainda em Esteio, na passada, tomamos várias no extinto La Noche e no extinto Corujas. Indo a Canoas, o som rolava no extinto Gullys. E pra ensaio, no extinto estúdio do Veveto. Em São Leopoldo, o point era o extindo Dimadeli. E mais tarde, o extinto BR3.

*Texto sujeito a atualizações.

Wednesday, December 21, 2005

O velho batuta

Qual a música ideal para escutar no Natal? Toda vez que penso nisso, apenas um som me vem à mente. É aquele velho e por demais batido clássico punk. Não que eu seja um adepto do movimento, mas me parece que os Garotos Podres, nos idos de 85, acertaram a mão e estes versos, por mais toscos que possam parecer, ainda permanecerão atuais por muitos e muitos anos. Vai, então, uma homenagem ao nosso ímpeto consumista:
Papai Noel Velho Batuta - Garotos Podres
Papai filho da puta/Rejeita os miseráveis/Eu quero matá-lo/Aquele porco capitalista/Presenteia os ricos/E cospe nos pobres/Presenteia os ricos/E cospe nos pobres/Papai Noel filho da puta/Rejeita os miseráveis/Eu quero matá-lo/Aquele porco capitalista/Presenteia os ricos/E cospe nos pobres/Presenteia os ricos/E cospe nos pobrespobrespobres/Mas nos vamos seqüestrá-lo/E vamos matá-lo/Por que?/Aqui não existe natal/Aqui não existe natal/Aqui não existe natal/Aqui não existe natal/Por que?/Papai Noel filho da puta/Rejeita os miseráveis/Eu quero matá-lo/Aquele porco capitalista/Presenteia os ricos/E cospe nos pobres.

Tuesday, December 20, 2005

Ele tinha razão

Há algum tempo, observando, principalmente shows locais, uma questão tem me preocupado bastante. Pode ser neurose, mas acho que falta comunicação mais clara das bandas com o público. Em tempos de Orkut, blogs, fotologs e afins, a Internet, sem dúvida, é um meio imprescindível para divulgação do trabalho. Mas, nada supera o contato ao vivo. E neste ponto, me parece que muito ainda precisa ser afinado. O sucesso no palco depende do conjunto da obra. Em resumo: som, performance e diálogo. Acho que o grupo ganha em respeitabilidade quando consegue mandar uma idéia que tenha nexo, com início, meio e fim. Afinal, é a ideologia e o marketing da banda que estão em jogo. É preciso ter alguém que fale, que tenha conhecimento do que diz. Não culpo somente os vocalistas. Esta deve ser uma preocupação coletiva. A banda, quem sabe, pode eleger um “porta-voz”. É lógico que no contexto, temos as exceções. Mas na maioria, até o clichê tem saído de forma truncada. Lugar comum por lugar comum, na pior das hipóteses, se for bem feitinho já é um começo. Façamos um exercício de analisar este quesito em cada show que estivermos presentes. Por favor, chega de meias palavras. Chega de “aí galera....” Enquanto público tenho o direito de querer um show consistente, com conteúdo. Assim, ganhamos todos.

Thursday, December 15, 2005

O clássico do U2

Os números comprovam que os caras são foda. Em fevereiro teremos mais uma passagem do U2 pelo Brasil – São Paulo, para variar. Não adianta, quando se fala destes quatro irlandeses tudo é sinônimo de superlativo. Pois Paul Hewson e seus parceiros conseguiram em 2005 vender 260 milhões de dólares em ingressos para a Vertigo Tour. São mais de três milhões de pessoas em 90 shows, todos com lotação esgotada. De acordo com a revista Billboard, é a turnê mais rentável neste ano. Em segundo aparece os Eagles, que arrecadaram 117 milhões de dólares em 77 apresentações. Antes de vir para o Brasil, o U2 passa pelo México onde terão que fazer show extra. Os 60 mil bilhetes para a primeira noite se esgotaram em quatro horas. Foi um recorde no país. Para nós, gaúchos, a alternativa são as apresentações na Argentina, nos dias 1º e 2 de março. Por muito tempo acompanhei de perto o trabalho do U2 – ouvindo os Cds e lendo bastante sobre a banda. Depois do Zooropa, no entanto, minha atenção se voltou para outros ritmos, outros músicos, outros caminhos....Mas, há alguns dias, conversando com uma rapaziada mais atualizada em relação aos caras, coloquei que preferia o U2 do The Joshua Tree. Disse que o Rattle and Hum era um clássico e que trazia a versão mais visceral de Bad. A discussão foi boa. Eles argumentaram que o porrada mesmo é o U2 do All That You Can´t Leave Behind e do How to Dismantle an Anotomic Bomb. Tudo bem. Opiniões divergentes são sempre válidas e acaloram o bate-papo. Mas no fundo percebi um certo saudosismo no pessoal ao concordarmos quanto à crueza do som – no bom sentido – em tempos passados.

Para Cíntia.

Tuesday, December 13, 2005

Foi como nos velhos tempos

No final de semana, voltamos a falar sobre o show do Pearl Jam. Com cada um que converso e que estava lá, sempre surge algo novo, um detalhe que faz enriquecer ainda mais o grande e histórico evento do 28 de novembro, na capital gaúcha. Queria ter escrito no dia seguinte, mas não conseguia organizar os pensamentos, tamanho choque emocional, tamanha quantidade de informação e tamanha qualidade. Demorou para cair a ficha. Foi tudo tão espetacular que no fundo tornou-se difícil de acreditar. Mas era verdade: eles estavam ali, a poucos metros. Eu vi o Pearl Jam. Não só eu, outros 12,5 mil também estiveram presentes no Gigantinho naquela tarde/noite quente e mágica. Foi uma apresentação antológica. Tudo perfeito: som, luz e especialmente a performance da rapaziada de Seattle. Mordi minha língua quando falei, tempos atrás, sobre a atuação dos caras, baseado em um DVD que tinha visto há alguns meses. Dizia: “bah, não são mais os mesmos da época do Ten. Eles estão mais parados. Deve ser um show morno”. Confesso que entrei na fila às 15h30 ainda um tanto desconfiado, mas, de qualquer forma, valeria pelo conjunto da obra. No entanto......Se eu pudesse definir a apresentação de Porto Alegre em uma palavra, esta seria visceral. Tocaram com vontade e maestria. Visceral, esta é a palavra. Vedder e seu timbre inconfundível, cantado com alma, expondo todas suas caretas e trejeitos que acostumamos a ver durante nossa adolescência. É... foi como nos velhos tempos. Por vezes fechava os olhos marejados no meio da multidão e o filme daqueles idos anos voltavam com vigor à minha mente. Tudo nítido e com trilha sonora. Um desfile de todas as músicas que marcaram não só a minha trajetória de vida, mas a de meus melhores amigos. E eles também estavam lá. Isso foi realmente emocionante.

Monday, November 14, 2005

Leitura do momento

"A verdade é que as primeiras mudanças são tão lentas que mal se notam, e a gente continua se vendo por dentro como sempre foi, mas de fora os outros reparam. Na quinta década havia começado a imaginar o que era a velhice quando notei os primeiros ocos da memória. Revirava a casa buscando meus óculos até descobrir que os estava usando, ou entrava com eles no chuveiro, ou punha os de leitura sem tirar os de ver de longe". (Gabriel García Márquez - Memórias de minhas putas tristes, p. 13 e 14)

"Naquele tempo tinha na memória uma lista de rostos conhecidos e outra com os nomes de cada um, mas no momento de cumprimentar não conseguia que as caras coincidissem com os nomes". (Gabriel García Márquez - Memórias de minhas putas tristes, p. 14)

"A quem me pergunta respondo sempre com a verdade: as putas não me deram tempo para casar. No entanto, devo reconhecer que nunca tive essa explicação até o dia dos meus noventa anos...” (Gabriel García Márquez - Memórias de minhas putas tristes, p. 45)

Wednesday, November 09, 2005

Som de CD

Pois em breve a musicalidade de Tim Maia, em sua fase Racional, vai ser relançada pela primeira vez em CD. Os dois lendários bolachões produzidos entre 1974 e 1976 até agora somente eram encontrados nos sebos de discos e nas banquinhas de LPs. Ou na pirataria. Biscoito Fino e Trama são as gravadoras que disputam o privilégio de fazer essa mão. Sabe-se que as capas vão ser as originais: um painel ilustrado com um sol, uma lua, outros símbolos esotéricos e escritos referentes à seita criada por Manuel Jacinto Coelho – Universo em Desencanto. Estranhas e nada comerciais também são as letras das músicas, citando muitas vezes trechos do livro homônimo. Com estes atributos, na época, os discos foram execrados pela crítica e pelo público. Os versos inusitados dão o tom da sonoridade que mistura funk e soul. E na atualidade, muitas composições foram sampleadas por nomes como Marcelo D2 e Racionais MCs. E mais: a canção O Caminho do Bem entrou na trilha sonora de Cidade de Deus. Depois de se desiludir com a seita e seu fundador, Tim, no futuro, renegou os discos. No entanto, o registro foi feito e o lance agora é curtir no volume máximo.

Thursday, October 20, 2005

O trem e os poemas

a menina do primeiro vagão
no trem, em pé, lá está a menina do primeiro vagão / ela não teme a solidão / tem uma filha e um irmão / age com a razão / mas não chega a magoar o coração / a ela já tive que pedir perdão
foi quando nela esbarrei, foi um encontrão / ela disse não...não se preocupe / é a lotação /
fiquei sem resposta / e foi aí então / que percebi o quando vale um sorriso no final da tarde.
a melhor parte da viagem
na estação do trem sempre alguém espera alguém / há, entretanto, um porém / existem os que olham com desdém / e nunca se sabe de onde eles vêm / uns rezam e dizem amém / mas a maioria não agüenta a angústia da espera.

Tuesday, October 18, 2005

Leitura do momento


"Eu queria ser alguém e não passar a vida vendendo sorvete. Achei que a solução seria aprender algum ofício. Alguma coisa que servisse para fascinar as pessoas. E lia Como falar bem em público e conquistar amigos, de Dale Carnegie. É preciso fascinar. Seduzir. Quem sabe falar sempre puxa a sardinha para sua brasa. Por isso os abrutalhados morrem dando duro e não vão além disso. E os muito falantes se metem em política e chegam a presidente." (Pedro Juan Gutiérrez - O Ninho da Serpente, p. 9)

"Eu tinha assistido àquilo tudo dando risada. Era muito divertido. Não entendia nada de amor, nem de boleros, nem de morte e sensações de perda. Nada de nada. E portando era cruel, impiedoso, ignorante e feliz. O homem típico. Quer dizer, um imbecil perfeito". (Pedro Juan Gutiérrez - O Ninho da Serpente, p.11)

Tuesday, September 13, 2005

Professores de embolada

No último domingo pude relembrar como é bom dedicar algumas horas ao ócio. Revigora o cidadão. Em frente à TV, somente o exercício de zapear quebrava a harmonia do mais puro estado de inércia. Pensando bem, acho que até mesmo o mudar constante de canais está incluído na arte de não fazer nada. Quem tem o controle tem tudo. É o dono do mundo. Enfim, estava quase batendo o recorde de emissoras visitadas por segundo, quando, num rápido movimento dos olhos, percebi, na tela, duas figuras de pandeiro em punho mandado versos ágeis e contundentes. Embolada da boa seria a expressão correta. Se tratava de Caju e Castanha. Estavam num destes canais alternativos que agora me foge o nome. Bem, o fato é que os caras participavam de uma entrevista e a cada bloco do programa a dupla detonava o repente. O som é simples - não sei se é bem a palavra correta - mas o lance é que a performance dos irmãos de Pernanbuco é irrigada de um entrosamento perfeito, capacidade de raciocínio rápido e grande poder de improviso. Semelhante ao hip hop, porém musicalmente mais rudimentar. Putz, muito bom. As letras trazem uma crítica social forte, humorada, e na linguagem do povo, sem lançar mão do caráter apelativo. Talento puro. Vale lembrar que os caras saíram do nordeste, se foderam de todas as formas, chegaram a São Paulo, vencendo as agruras da pobreza e muito preconceito. Se tiver a oportunidade, vale ouvir, nem que seja para um breve registro. Ah, depois de tudo isso, meu ócio do domingo ganhou mais qualidade.

Monday, July 25, 2005

the soft parade salvou minha adolescência

Motivado por uma notícia que li hoje - segue abaixo na íntegra - lembrei de uma das melhores bandas de todos os tempos. E pra quem curte, com certeza é bem legal fazer um exercício de voltar no tempo e recordar algum fato de sua vida que esteja relacionado ao grupo ou a alguma de suas músicas. Aqui vai uma breve historinha.

Estava entrando na adolescência e sentia que precisava fazer algo que realmente valesse a pena. Até então, freqüentava lugares que detestava. Não me sentia bem. Frustração. Não por culpa dos meus amigos, mas pela circunstância. Ou até mesmo pela falta de experiência. Enfim, o certo é que não achava graça nas conversas, nas gírias, nos atos, nas brincadeiras. Muito tempo se passou até que eu descobrisse o que realmente procurava. Fui apresentado a um mundo em que eu certamente poderia ser sincero comigo. Não lembro muito bem de datas, mas nunca mais esqueci daquela música. Começava apenas com o vocal. Ele vociferava:
"When I was back there in seminary school
There was a person there
Who put forth the proposition
That you can petition the Lord with prayer
Petition the lord with prayer
Petition the lord with prayer
You cannot petition the lord with prayer!". Nossa! Esta última frase do primeiro verso era gritada. Uma voz rouca, contundente. E a música tinha vários ritmos. Era longa. Estranha, muito estranha. Autêntica. Apaixonante, eu diria. Queria saber quem tocava. Queria saber a tradução. E essa busca me fez entender muitas coisas, conhecer pessoas e viver intensamente. Grandes parcerias e o início de uma banda (cover).

the doors - the end

O grupo The Doors chegou novamente ao fim. A justiça americana deu ganho de causa para o baterista John Densmore, que pedia para os dois outros integrantes pararem de usar o nome original da banda.
Densmore entrou com o processo em 2003, quando o tecladista Ray Manzarek e o guitarrista Robby Krieger tentaram ressuscitar o grupo sem o cantor Jim Morrison, morto em 1971.
O vocalista Ian Astbury, do The Cult, foi chamado para cantar no "The Doors of the 21st Century" - nome que a banda "repaginada" ganhou.
A família de Morrison também fez parte do processo. Um acordo entre os três integrantes e os herdeiros do músico, feito em 1971, atestava que todos teriam de concordar com o uso futuro do nome The Doors e o logo da banda.
A decisão judicial também ordena que os lucros com a turnê sejam divididos por todos.

mais the doors - sugestão de leitura

as portas do delírio

"As luzes foram se apagando. Subimos a escada íngreme que dava no fundo do palco e tomamos nossas posições. Estendi ao máximo a pele da caixa de minha batera, pois os fortes impactos sempre desapertavam a garra. Olhei em volta e vi Robbie agachado, tentando desemaranhar os cabos de sua guitarra. Jim nos checava o tempo todo com olhares furtivos, empunhando o microfone. Ray curvava-se soturno sobre o teclado e olhou-me de relance no momento em que: 'Senhoras e senhores: aqui lhes fala Humble Marv da KHJ - a Rádio Boss - aqui estamos nós... The Doors' As mãos de Ray preciciptaram-se furiosamente sobre as teclas de seu órgão VOX e os primeiros acordes de 'When The Music's Over' penetraram-me profundamente e pareciam estar levando o público à estupefação.
Num pequeno intervalo de silêncio, comecei a repicar fortemente a caixa, o bumbo e o chimbau: SNAP-BA, BUM Rap BAP - HSSST BUM... BRAP! A cada batida minha, a tensão na sala aumentava. De repente, parei. Esperei e esperei: Este momento era totalmente meu. Permaneci em silêncio, até que a tensão atingisse seu ponto culminante.
Por fim, soltei o xamã que existe em mim: TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT-TAT- TAT CRASH! Como um animal acometido por dor alucinante, Jim vociferou seu grito primal, no momento em que a guitarra de Robbie emitia uma nota sinousa, grave e angustiada. Jim então gritou: E e e e e e e e e e e e e e e e e - aaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhh, When the music's over When the music's over Yeaaaaah When the music's over Turn out the lights".

do livro de John Densmore, "Riders on the Storm" de 1991

Friday, July 22, 2005

ainda o live 8 - só pra registrar

Não há dúvida que o show de Londres, no Hyde Park, foi o mais badalado, o mais esperado, o mais tudo. Reuniu os principais astros do mundo da música. Estavam todos lá. Qualidade e musicalidade incontestáveis. Shows antológicos e parcerias que entraram para a história. Exemplo: U2 e Paul McCartney com a clássica Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Teve ainda o encontro do Pink Floyd após 20 anos. Teve o Velvet Revolver - acho que agora Slash e sua turma encontraram um vocal de verdade. Teve emoção quando Bob Geldof, idealizador do evento e do Live Aid original, levou ao palco a jovem Birhan Woldu, salva da morte pela campanha anterior. Enfim, muita gente boa, momentos memoráveis e apresentações maravilhosas. Na verdade, chega a ser chover no molhado, já que não se poderia esperar outra coisa que não fosse um evento de alto nível. Mas tudo isso pra registrar que dentre toda esta constelação, eu destacaria o show do R.E.M. Pela sonoridade, pela apresentação visceral e pela performance e carisma de Michael Stipe.

Wednesday, July 20, 2005

playback nem pensar

A notícia saiu na Agência EFE

O Governo da China emitiu uma nova lei que proíbe que os cantores do país façam playback, sob ameaça de "punições graves", informou a agência estatal chinesa Xinhua, nesta quarta-feira. A norma está dentro dos novos Regulamentos sobre Atuações Artísticas com Caráter Comercial, que acrescenta que "qualquer companhia ou indivíduo que engane a audiência" utilizando música gravada "será denunciado publicamente". A lei fixa dois anos de suspensão da atividade artística para os cantores que incorram duas vezes no delito em menos de dois anos. O mesmo tempo de proibição da atividade será aplicada para a empresa promotora do show ou atividade pública. O regulamento é adotado, informaram seus autores, em um momento em que estão se proliferando esse tipo de falsas atuações ao vivo, "com o objetivo de ganhar dinheiro, o que está causando ao público a sensação de que estão sendo enganados". Na China, como na maior parte do planeta, o pop é o gênero musical reinante (embora seja um fenômeno relativamente jovem, já que nos anos 70 apenas existia). Os cantores chineses são fortemente influenciados pelos artistas que fazem sucesso em Japão, Coréia do Sul, Taiwan e Coréia do Sul.

Tuesday, July 19, 2005

supra-sumo da várzea

Numa destas manhãs, dirigia-me ao trabalho, atrasado, inquieto e com frio. Tive a sorte de uma das portas do trem parar bem na minha frente. Entrei e logo sentei. Mas não pensem que foi tudo na santa paz como aparenta neste meu relato inicial. Antes de me abancar fui vítima dos afoitos de plantão. Trata-se daquele pessoal que praticamente entra em luta corporal na busca por um assento no vagão. No momento em que estava prestes a ocupar meu espaço, beneficiado pela posição em que o trem estacionou, a pancadaria pegou. Levei três cotoveladas, diversos empurrões e uma rasteira. No reflexo ainda me livrei de dois jabs curtos. Mas, enfim, já estava com meu lugar no pódio garantido. Tentei relaxar. Teria pelo menos mais 30 minutos até uma outra aventura: o desembarque no fim da linha. O balanço do trem e um sonzinho ambiente acabaram me convidando ao sono. Quando estava beirando o cochilo, o locutor da rádio - aquela que só toca as clássicas - anunciava uma grande novidade. Os interessados deveriam entrar no site da emissora para mais informações. Não quis acreditar no que estava ouvindo. Pensei já estar sonhando. Poderia ser um delírio qualquer. Mas não. Abandonei o estado de inércia e resolvi me concentrar no emaranhado sonoro - mistura de rádio mal sintonizado e o burburinho das conversas. Rodaram mais algumas canções antológicas e novamente o empolgado locutor abria o microfone.
- Em breve todas os principais sucessos de Celine Dion na versão canto gregoriano.
Quase tive um troço - e é grande o número de pessoas que acabam hospitalizadas pelo tal do troço. A realidade é cruel. É isso mesmo. Que forçada de jugular. Os principais sucessos de Celine Dion na versão canto gregoriano. Depois dessa levantei, fiz uma série de alongamentos, me aqueci, parei na porta, esperei abrir e enchi todo mundo de bico nas canelas.

Monday, July 18, 2005

outros escritos

http://outrosveroes.blogspot.com
http://modernidade.zip.net

spectroman e chico

Tenho percebido ultimamente uma febre de saudosismo coletivo, querendo reviver décadas passadas. Vou me ater aqui aos anos 80, bem explorados nestes últimos tempos através de livros, revistas, programas de TV, rádio e shows musicais. Devo ressaltar que toda minha infância e o início da adolescência se passaram nesta época. Lembro, evidentemente, com prazer das tardes de inverno à frente da televisão. Chegava do colégio - estudava no horário da manhã - e mais que depressa me abancava para acompanhar o epílogo da Operação Genocídio. Dr. Gori e Spectroman num duelo inesquecível. Putz, muito bom. "Planeta Terra, cidade Tóquio, entre todas as metrópoles deste planeta....." Na seqüência tinha Elo Perdido, um clássico - Marshall, Will e Holly... ainda lembro da melodia na abertura da série. Diversão garantida ou seu dinheiro de volta. Azar dos temas de casa. A lição só saia na noite, com sono e o caderno cheio de borrão e garrancho. A mãe pirava. Na verdade, tem mais uma infinidade de coisas que marcaram os anos 80. Não é minha intenção aqui ficar listando. Até porque lembranças cada um tem a sua. E material para consulta não falta. Não há dúvida, porém, de que foi um tempo muito legal. Eu curti. Agora, vamos combinar que no cenário musical os anos 80 ficaram devendo. E muito. Depois de duas décadas - 60 e 70 - incríveis, ricas em produção e primor técnico, os 80, salvo raríssimas exceções, nasceram com a peste da mediocridade. Por aqui, digo no Brasil, o caos se instalou de uma forma devastadora. Nunca se viu um acúmulo tão grande de mesmices e pobreza sonora. Alguns grupos, ainda hoje, povoam nossos pesadelos. Para citar algumas pérolas, entrando na febre do recordar é sofrer, temos Biquini Cavadão, Heróis da Resistência, Capital Inicial, Inocentes, Os Eles, Rádio Táxi, João Penca, Léo Jaime, RPM, Barão Vermelho, Legião Urbana, Ultraje a Rigor, Uns e Outros, Magazine (do Kid Vinil)....chega, chega. Tá bom. É só pra dar uma idéia. Cruzes. E não é preconceito com a produção nacional. Pra não dizer que ninguém se salvou da hecatombe, destaco o Ira! como a redenção de um tempo enfadonho. Até porque, o Ira! tem um cara diferenciado: Edgard Scandurra. Poderia elencar ainda os Paralamas do Sucesso, salvos aos 45 do segundo tempo, e os Titãs, pelos álbuns Titanomaquia e Tudo ao Mesmo Tempo Agora, ambos gravados logo após o período de trevas. Enfim, ainda bem que passou. Ok, quero deixar claro que não sou xiita. Também não tenho uma cadeira permanente no Conselho de Segurança do Clube do Ódio. Sei que o Brasil possui variados ritmos e uma riqueza sonora extraordinária. Mas, o cenário rock daquela época foi de lascar. Depois da catástrofe era difícil acreditar em reconstrução. Chegam os anos 90. O milagre acontece. Chico Science é o nosso salvador. Mangue-boy-malungo-sangue-bom.

"Como um pássaro o tempo voa/ A procura do exato momento/ Quando o que você pode fazer fosse agora/ Com as roupas sujas de lama/ Porque o barro arrudeia o mundo/ E a TV não tem olhos pra ver/ Eu sou como aquele boneco/ Que apareceu no dia na fogueira/ E controla seu próprio satélite/ Andando por cima da terra/ Conquistando o seu próprio espaço/ É onde você pode estar agora"

Foto: Passarinho

Thursday, July 14, 2005

batera no contra


Outro dia fomos comer uma pizza na casa de um grande amigo. Levei um CD com algumas canções gravadas recentemente - tenho estado agora numa fase bem Brasil: samba de raiz, Tim Racional, Ben Jor da antiga, enfim. Enquanto as meninas conversavam no quarto, ficamos na cozinha elaborando o cardápio. Ingredientes na mão, forno aquecendo e a bateria no contratempo. Não tem jeito, depois que o cara passa por uma banda, se dedica ao grupo e se atreve a compor, todo bate-papo começa, ou termina, em som. Isso, claro, quando o interlocutor reza pela mesma cartilha. Caso contrário, o cidadão corre o risco de se tornar inconveniente, para não dizer um chato, querendo fazer com que os demais identifiquem na música aquele detalhe percebido somente por ele, o que lhe provoca uma espécie de orgasmo sonoro.
-Putz, vocês ouviram isso? Do caralho! Nessa parte só chipô aberto. Ah, e essa afinação está em Ré. E não basta falar. Os comentários, evidentemente, são acompanhados de movimentos ritmados em baterias e guitarras invisíveis.
Lógico, generalizações são sempre perigosas. O que faço aqui é uma auto-análise. Mas acabo percebendo o quanto é prazeroso conversar sobre música. Ou sobre a parte técnica da música. E este é um dos muitos fatores que torna este meu grande amigo uma das figuras que mais respeito no cenário sonoro da região. Não é o cara mais inteligente da cidade, não é um cara que tem cem pedais ou a pedaleira mais moderna, mas é um músico nato, com sensibilidade, técnica e muita raça. Aliás, certa noite, depois de horas de avaliação e muitas caipiras, chegamos a conclusão de que não é a distorção que faz o peso. The Days of the New foi nosso objeto de estudo.

Foto: Mário Luiz Thompson

Salve Coletivo

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